terça-feira, 1 de maio de 2012

Possuído

Hello!
*AVISO: Este post é para ser lido com uma voz dramática e para um melhor entendimento da gravidade da situação, deve respeitar a pontuação. Obrigada.*

Caras ervilhas, hoje finalmente ganhei coragem para tornar público o fenómeno que tem ocorrido repetidamente na Lata, nos último tempos.

Há um caso de possessão que se está a tornar cada vez mais frequente! O estado de saúde do indivíduo em questão é extremamente grave e ameaça pôr em risco a saúde dos que o rodeiam. A sua insanidade tem resultado, entre outras coisas, em espasmos musicais. Sem mais demoras, revelaremos a identidade do indivíduo possuído: o meu telemóvel.
O que sucede durante a possessão do indefeso aparelho, são, como já referi acima, espasmos musicais. Isto é, sem qualquer razão aparente, começa a "dar" música (mas alguém, além dos professores de música, dá música?) no volume máximo. Pois, medo. Se isto acontecer de dia, não é grave, agora quando é a meio da noite, a ervilha morre um bocadinho.
Imaginem: são cinco e meia da manhã, a ervilha está a dormir profundamente e de repente, ouve uma música aos berros, música essa que não é nenhum dos seus toques definidos nem o despertador. Naturalmente, o primeiro pensamento que a ervilha tem é "mas quem será o ladrão que se encontra do lado oposto da janela, que tem obviamente bom gosto musical mas que, lamentavelmente, não consegue ser súbtil durante o seu serviço nocturno?" (sim, nós ervilhas conseguimos ter esta velocidade de pensamente durante a madrugada). E depois, vem o pânico. A ervilha percebe que o hipotético ladrão não está do outro lado da janela mas sim na mesma divisão! Imediatamente, pensa em várias hipóteses para tentar escapar ao massacre que o ladrão possa, eventualmente, ter planeado:

1. Fingir que é sonâmbula, dizendo, como quem não quer a coisa, "Sou sonâmbula, vou voltar a deitar-me porque não dei conta que isto é um assalto";

2. Com voz perigosa, ameaçadora e ligeiramente descontraída diz "Então pá? Vens à lata a meio da noite só para apanhares? Deixa-me só chamar o resto da ervilhada que já te nutrimos!" (deveras assustador, isto irá marcar uma posição e, consequentemente, criar uma relação de respeito ladrão-ervilha);

3. Chama a mãe calmamente para que o intruso não se assuste e reza para que ela traga uma frigideira ou qualquer objecto potencialmente perigoso;

4. Chama a mãe aos berros, dizendo "MÃÃÃÃEEEEEEEEEEEEE! Trás uma frigideira!" e para disfarçar, acrescenta "Apetece-me fritar um ovo!".

Geralmente, opta sempre pela primeira hipótese. Deita-se e ensaia mentalmente o que é que vai gritar, caso o ladrão tente comunicar. Nisto, olha para o lado e vê o seu telemóvel com a luz acesa, pálido, mesmo com cara de quem está a ser possuído. A medo, estende o seu braço direito para desligar a música e vai fazer um ovo estrelado, visto que a 4ª hipótese de escape ao massacre a deixou com apetite.

Como podem perceber, dormir, para a ervilha, já não é a mesma coisa. Deita-se todos os dias, na incerteza de ter de passar por tudo isto outra vez. Embora sofrida, a ervilha apoia o seu aparelho nesta fase difícil e terminal da sua vida.

A ervilha incompreendida despede-se :)

P.S:. Pai, se estiveres a ler isto e eu sei que vais ler, pois vou encarregar-me de te obrigar a fazê-lo, COMPRA-ME UM TELEMÓVEL e és lindo!