sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Adeus, Férias

Ervilhá!

*Aconselha-se a todas as ervilhas leitoras que leiam as próximas linhas calmamente e conscientes de que o fim das férias é um tema delicado e extremamente dramático.*

Chegou o dia. O último dia (útil) de férias. Ai, a dor de o dizer. As lágrimas já perdidas no meio da lata. Hoje, caras ervilhas, é o último dia da boa vida. Adeus acordar tarde. Adeus ao almoço transformado em pequeno almoço. Adeus ao pijama até meio da tarde. Adeus às maratonas de séries e de filmes. Adeus. Escrevo, chorando.

À minha frente, estão mais cinquenta e nove dias de aulas, testes, trabalhos, manhãs difíceis e afins até às férias do Carnaval. Deu trabalho contar os dias. Isto das férias faz-me desligar a ficha. Choro compulsivamente. Limpo o ranho à camisola e digo para mim mesma "eles não precisavam de saber isto". Decido fazer parágrafo.

Fiz. Tento pensar noutro aspecto negativo do fim do meu amor de inverno -tentativa de referência ao chamado 'amor de verão'- com o meu sofá. Já sei como vai ser. Ele mergulha numa paixão que o deixa caído num estado bastante crítico. No seu assento fica marcada a minha forma sensual de ervilha. Chora sempre que saio para a escola e chora ainda mais quando volto porque me vê a trocá-lo pela cadeira velha e desconfortável atrás da secretária, onde faleço abraçada por livros e cadernos. Sofrimento que nos afecta a ambos, que nos corrói e mata por dentro. Não te quero deixar, sofá. Obrigada por todas as horas de aconchego e amor. Pelo carinho e paciência durante estes dias maravilhosos. Não me esqueço de ti. Eu vou voltar, em Março. E talvez te consiga visitar nos fins-de-semana até lá.

Agora à minha cama. Minha fofinha. Vou ter menos, muito menos tempo para ti. Mas todas as noites te vou nutrir e todas as manhãs vou chorar para te abandonar. E não, não é traição, sabes que gosto de ti de maneira diferente do sofá. Já passámos por mais. Serei sempre a tua ervilha. Com dor e algumas lágrimas, prometo que te compenso nas pseudo-férias do Carnaval. E quanto aos fins-de-semana, serei sempre tua. Sabes que se dependesse de mim, nunca te deixaria. Um beijinho na almofada e uma meia no fundo dos lençóis para não te esqueceres de mim.

Espero que o vosso regresso, mesmo que seja mais tarde ou que já tenha sido, implique/tenha implicado menos sofrimento. Vou continuar a chorar e a sair da cama para o sofá e vice-versa.

Adeus, férias. Ainda não acabaram e já tenho saudades vossas.

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