sábado, 4 de janeiro de 2014

Revolta do Comando

Ora viva, ervilhas!

Tenho um pequeno problema. O meu comando odeia-me. E é que não é o primeiro comando a não simpatizar comigo. E começou a revolta. Quando não está mais ninguém na sala, insulta-me e faz um barulho extremamente irritante e perturbador, não sei se é assim que os aparelhos eléctricos choram mas por amor de ervilheus, arranjem lá uma choradeira mais adulta.

Até hoje, não entendia o porquê de o meu comando me odiar. No entanto, ultimamente, tem tido atitudes mais preocupantes que o choro electrónico. Chegou, há uns dias atrás, a fingir-se de morto (ou avariado, como quiserem) para a mãe ervilha me demonstrar como sucedeu o ataque à primeira torre no atentado do 11 de Setembro. Sendo eu a torre e a cadeira que ela fez voar até mim o avião. Isto enquanto o comando mudava constantemente de canal seguindo esta ordem: 22, 1, 9, 19, 16, 5, 4, 9, 18, 16, 5, 18, 4, 1, 15. Seguindo o Método de Comunicação dos Comandos Maléficos - MCCM, um livro bastante elucidativo que posso emprestar, caso precisem -, obtemos a mensagem cruel. Este método consiste em numerar o alfabeto de 1 a 26 e fazer corresponder o número do canal a uma letra, o 1 é o A, o 2 é o B e assim sucessivamente. Os números dos canais pelos quais o comando passou correspondem às seguintes letras: v, a, i, s, p, e, d, i, r, p, e, r, d, a, o. O que resulta na mensagem: "vais pedir perdão". 

Perdi horas de sono e perdi programas que queria ver e o comando não deixou. Hoje perdi um dos meus episódios preferidos dos Ervilhinsons, que é uma série ligeiramente melhor que a que os humanos vêem, "The Simpsons". Vá, é quase a mesma coisa só que na nossa versão eles são verdes. Irritada, decidi falar com o comando. 

Agora percebo o porquê de todo o ódio. A culpa é minha. Todas as quedas e todos os voos que provoquei. Todas as feridas e peças partidas graças a mim. Todas as vezes que, por causa de mim, o pobre comando deslocou as pilhas. Desculpa comando. Perdoa as minhas mãos de manteiga. Eu não te quero partir nem nada do género, mas também tens tendência a escapar-me das mãos, gostas de adrenalina. É um mistério da vida isto de passar a vida a mandar o comando ir conhecer um pedaço de chão ou até mesmo de parede da minha sala aqui na Lata.

Um dia a revolta acaba e os comandos vão deixar de me perseguir. Provavelmente quando conseguirmos mudar de canal com o poder da mente. Vivo para esse dia.

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